Durante o mês de abril, o Sistema Máxima Performance realizou um QUIZ nas redes sociais sobre Força de Vontade. As perguntas elaboradas exigiram respostas simples, do tipo SIM ou NÃO.
Hoje vamos compartilhar os resultados e a sua análise, porque nos trazem ideias importantes sobre a percepção que as pessoas têm sobre o gerenciamento da força de vontade.
Esses resultados, apesar das limitações de um instrumento informal para coleta de dados, sugerem algumas ideias interessantes:
Ao reportar menos desânimo diante das dificuldades e tarefas difíceis (as duas últimas perguntas, com menor número de respostas afirmativas), as pessoas estão sugerindo que conseguem fazer o esforço extra ao enfrentar um desafio, mas não conseguem, necessariamente, dar continuidade a esse esforço (96,10% referiu desejo de ter mais constância em seus empreendimentos). Esses números podem nos trazer um dado positivo: através de sua análise, podemos inferir que as pessoas que responderam ao quiz parecem ter senso de propósito, ou seja, têm razões claras para não desanimar diante das dificuldades e também têm iniciativa; o seu problema reside justamente no gerenciamento da força de vontade no longo prazo. O senso de propósito favorece a capacidade de se superar, mas a manutenção dos esforços depende de vários fatores, que precisam estar conjugados – fisiológicos e psicológicos.
As respostas evidenciam dois aspectos importantes quanto à força de vontade e à tomada de decisões: existe uma parte do ser humano que depende do pensamento racional – eu sei o que eu quero e vou fazer, e consigo superar os desafios do caminho; e a outra parte, instintiva e irracional, que influencia na manutenção dessa decisão.
Desde o trabalho de Daniel Kahnemann, nobel de Economia, fala-se dessas duas formas de pensar: a rápida (instintiva) e a devagar (consciente). A parte racional e mais lenta permite que a pessoa enfrente os desafios com maturidade: reconhece o momento de fazer o esforço extra e vai adiante, porque sabe o que quer e aonde quer chegar (tem senso de propósito). A parte instintiva e rápida, que segundo Kahnemann, é responsável pela maior parte das nossas decisões, influencia mais diretamente na manutenção dos esforços no cotidiano. Por isso muitas pessoas se perguntam, angustiadas: por que mesmo sabendo o que eu quero, não consigo levar adiante as minhas metas? Nas nossas pesquisas sobre força de vontade tem sido possível verificar que o senso de propósito é um dos elementos fundamentais para o gerenciamento da força de vontade, mas a falta de compreensão para as características da força de vontade e a sua relação com as formas de pensar, pode levar a falhas na execução de nossos planos.
Essas falhas são inevitáveis, mas podem ser minimizadas. As pessoas parecem ter autoconsciência da necessidade de qualificar seus esforços. No quiz, o questionamento: você gostaria de ser mais constante em seus esforços?, avalia a satisfação da pessoa em relação ao gerenciamento da sua força de vontade e aos resultados alcançados.
Os dados sugerem que a queixa principal está relacionada à qualidade dos esforços e dos resultados: o desejo das pessoas que responderam ao quiz parece ser mais fôlego e capacidade para diminuir as flutuações em sua produtividade. A necessidade de qualificar ações e resultados também pode ser observada pelas respostas às perguntas: Você começa o ano motivado e vai perdendo o fôlego no caminho? (80,09%) e Você sente que um dia rende muito e no outro dia não? (82,68). Nas duas perguntas, também estamos avaliando a qualidade do gerenciamento da força de vontade ao empreender em um projeto. Concluindo, a maioria reportou necessidade de qualificar seus esforços, muito mais do que a necessidade de começar a se esforçar.
Como é possível ter maior constância de esforços na busca por um objetivo?
- Reconhecendo que a maioria das suas decisões não é consciente, portanto, não basta saber o que (objetivo claro) ou como precisa ser feito (qual estratégia), mas de que maneira você está gastando os seus recursos de força de vontade. Segundo os pesquisadores da força de vontade, o cérebro respeita um orçamento energético, que precisa ser considerado nas metas de longo prazo: onde você gasta e onde investe a sua energia?
A maioria dos gastos são supérfluos, não levam à realização pessoal: gasto de energia com o conflito entre zapear na internet e fazer o que precisa ser feito; entre comer ou não a sobremesa; ir ao happyhour ou para a academia, entre tantos outros conflitos que desgastam inconscientemente a energia do seu estoque de força de vontade.
Antigamente, os pesquisadores acreditavam que a força de vontade utilizada para fazer exercício físico é diferente daquela empregada para estudar para um concurso. Atualmente, sabe-se que não é assim. Roy Baumeister e seus colaboradores, após sucessivos experimentos, concluíram que a força de vontade funciona de maneira análoga à bateria de um celular: você acorda com o seu estoque de força de vontade cheio (dependendo da qualidade do seu sono) e vai gastando durante o dia. O gasto pode ser em situações improdutivas, como os exemplos de conflitos acima e que são a maioria, ou em decisões mais sérias. O uso excessivo e indiscriminado pode levar ao esgotamento da força de vontade e à consequente falha, justamente no momento de manter os seus esforços diários em relação ao seu projeto. Exatamente como acontece com o celular: você usa para falar no WhatsApp, acessar as notícias, e-mail, e no final do dia, quando você precisa de bateria para chamar um transporte para retornar à sua casa, passa por aquele momento tenso – não tem carga suficiente para o essencial. Em relação ao gerenciamento da sua força de vontade, pare um momento para refletir: você sabe dizer como vai o seu orçamento energético? Você tem administrado os seus recursos com inteligência?
- Cuidando da saúde física. O estoque de força de vontade depende de glicose e oxigênio, provenientes do sono de qualidade, da prática de exercícios físicos e de alimentos saudáveis. As flutuações de ânimo e de fôlego podem estar relacionadas ao seu estilo de vida e à falta de “combustível” de qualidade.
- Reconhecendo os limites pessoais. Para ter maior constância em seus objetivos, reconhecer e aceitar os limites de fôlego é essencial. Muitas pessoas acreditam que é possível ter cem por cento de rendimento todos os dias. Mesmo cultivando hábitos saudáveis, não somos robôs incansáveis, ou super-heróis com poderes ilimitados. Esse é um dos paradoxos da força de vontade: reconhecer e aceitar os limites pessoais aumenta o fôlego e a capacidade de se superar.
Vale a pena questionar se as pessoas que responderam que desejam ter mais constância em seus esforços realmente precisam melhorar algo em sua performance, ou se estão buscando a perfeição e a produtividade a qualquer custo. A ciência da força de vontade contribui para aumentar a qualidade de vida e dos relacionamentos, muito além da produtividade. Ser produtivo no trabalho não é sinônimo de qualidade de vida, de gerenciamento da força de vontade com eficácia.
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