Hoje vou falar de um tema abordado por Rosely Sayão em sua coluna semanal (09.04.04) no Caderno Equilíbrio da Folha de São Paulo, e que é recorrente em meu consultório: os pais e o desenvolvimento da autonomia do filho.
Ela diz: “Eles (os pais) fazem de tudo para evitar que os filhos sofram, enfrentem as dificuldades da vida, se frustrem, arquem com as responsabilidades sobre seus atos. Isso faz com que os jovens cheguem ao final da adolescência sem autoconfiança, sem orgulho de seus feitos, com enorme dificuldade para perseverar diante das dificuldades e com medo do futuro. Aí dá para entender sua falta de resistência diante da adversidade, dos obstáculos e das exigências do final da adolescência.”
E quais as consequências dessa falta de autonomia durante o processo de vestibular?
- Exacerbada insegurança em relação a escolha profissional.
- Anos repetitivos de cursinho – medo de encarar a “próxima etapa”.
- Ausência de autoconfiança em relação ao conhecimento adquirido – se não confia em si nas questões da vida, de que maneira vai confiar na hora da prova?
Como é possível amenizar o problema? Os pais precisam estimular o senso de responsabilidade, dar espaço para que o filho identifique seus próprios critérios na tomada de decisão e acreditar no potencial do seu filho “de se virar”. O filho, por sua vez, precisa buscar esse espaço com afinco, assumir responsabilidades diversas, tanto em sua própria vida quanto nas tarefas de casa e descobrir seu verdadeiro potencial.
Lembremos as palavras de Paulo Freire, na Pedagogia da Autonomia, pg. 107:
“A autonomia, enquanto amadurecimento do ser para si, é processo, é vir a ser. Não ocorre em data marcada. É neste sentido que uma pedagogia da autonomia tem de estar centrada em experiências estimuladoras da decisão e da responsabilidade, vale dizer, em experiências respeitosas da liberdade”.