A importância do equilíbrio emocional para lidar com o dinheiro
Lidar com números é uma das primeiras tarefas quando se inicia um negócio. Resolvemos ir a fundo para entender que administrar bem as finanças vai além de saber contar ou somar dividendos
Roberta Fofonka
publicado em 13/06/2018 23:00
atualizado em 14/06/2018 08:44
atualizado em 14/06/2018 08:44
“Seja qual for a sua meta, é preciso gerenciar os seus recursos”, afirma a psicóloga clínica Simone Grohs. E, por recurso, pode-se entender tanto a energia para viver o dia quanto o dinheiro que se ganha. “Uma coisa que a gente descobriu é que a maioria das pessoas vive no automático, sem estar consciente das coisas que faz”, completa o psicólogo e analista de sistemas Hector Nievas.
Autores do livro Máxima performance em 12 passos, lançado em Porto Alegre neste ano, os dois estudam a força de vontade e como ela atua no cérebro. Ao ler muitas pesquisas sobre o tema, descobriram que o cérebro tem um “orçamento de energia”. “Nossa energia é como a bateria do celular, ela vai esgotando ao longo do dia”, detalha Simone. Ou seja, a atenção que damos à tarefas desimportantes pode gastar o potencial para as que são realmente prioritárias. Esse paralelo pode facilmente ser traçado com relação aos gastos: se deixamos nossos pilas escoarem em coisas menores, talvez falte na hora de juntar um montante.
Para tomar decisões inteligentes, é preciso estar em boas condições cerebrais, sustentam eles. Na contramão, os formatos das empresas e o funcionamento da sociedade produtiva tendem a ativar o sistema simpático, área do cérebro responsável pelo mecanismo de luta e fuga, que deixa as pessoas alertas em questões de sobrevivência, pela ansiedade e pelo estresse. “O mundo inteiro está cheio de ambientes que ativam o sistema simpático”, esclarece Simone. E o dinheiro, claro, está ligado à manutenção da sobrevivência. Em uma situação de dívidas, por exemplo, é fundamental ter as condições para pensar com clareza.
“O estresse repetido se torna crônico. Então, vem a exaustão, que é o sistema colapsando. A gente precisa estar consciente disso, desligar mais o simpático e ativar o parassimpático, que acalma o fluxo”, explica Hector. Isto é, em meio ao estresse, você só tende a encontrar ainda mais atrapalhações. “O estresse se instala como algo permanente e momentos de introspecção e relaxamento cortam esse curso”, esmiúça.
Para sobreviver ao furacão, existem técnicas e estratégias. Hector e Simone praticam e ensinam em seus cursos um estilo de respiração diafragmática (ou seja, focada nos movimentos do diafragma), que além de transportar a mente para o sistema parassimpático, estimula a imunidade e altera o nível de frequência cardíaca. “Desativando toda a parte do cérebro que está operando em garantir a sobrevivência, ou seja, quando há sentimento de ameaça, nós conseguimos enxergar os problemas e as oportunidades de dentro deles”, explica Simone. “É melhor pensar sobre algo importante pela manhã, quando estamos descansados, do que à noite, quando nosso cérebro já trabalhou bastante”, exemplifica ele. Quando o sistema está sobrecarregado, inclusive, a ansiedade se manifesta nos pontos fracos de cada um, como consumir ou comer.