Hoje saiu uma matéria no caderno Folhateen sobre as estratégias dos vestibulandos para conciliar leituras de sua preferência com as chamadas leituras “obrigatórias”.
Em geral, pelo que eu ouço no consultório, os alunos nem vivem esse conflito. Acreditam que não têm direito de ler outras leituras fora do edital dos concursos que irão prestar.
Mas eu discordo, pois para manter um bom nível de saúde mental, criatividade e capacidade argumentativa, é bom ler de tudo. Livros, jornais, revistas. Inclusive livros de literatura que não constam na lista obrigatória, mas atentando para a consistência da obra e suas contribuições a longo prazo, conforme diz na reportagem abaixo: é preciso selecionar os livros que podem mudar nossas vidas, daqueles que serão esquecidos na estante.
Também tenho o hábito de indicar partes de alguns livros (ou inteiro) que auxiliam no autoconhecimento do aluno e intensificam o trabalho terapêutico. Os campeões de indicações são: Sempre À Ordens! de Elisabeth Schlumpf e Heidi Werder (Ed.Cultrix); Seus Pontos Fracos de Wayne Dyer (Ed.Nova Era) e Perfeccionistas: Como Aprender a conviver com as imperfeições do mundo real, de Miriam Elliot e Susan Meltsner (Ed. Saraiva).
Abaixo, confiram a matéria da Folha de São Paulo:
Leitura obrigatória
Estudantes falam sobre como conciliar seus livros preferidos com os pedidos nos vestibulares
ANA PAULA ANJOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Preparando-se para o vestibular do fim do ano, Júlia Garjulli, 17, coloca prazos para ler certos livros.
“Leio um pouco a cada dia, ou pego um feriado para ler”, diz, sobre as obras pedidas pelo concurso da Fuvest. Ler as obras que ela mesma escolhe é mais fácil. “É a mesma coisa que você faz com TV, é para quando tenho tempo livre.”
O exemplo de Júlia mostra como conciliar os dois tipos de leituras: as que são feitas por prazer e as “por obrigação”.
De um lado, best-sellers com personagens pop. De outro, histórias escritas, geralmente, há mais de cem anos.
Sophia Torres, 17, diz que às vezes dorme lendo esses livros. “Depende da história. Se ela me pegar, eu vou. Se não, fico lutando com o livro”, diz a aluna do Bandeirantes, em São Paulo.
Mas por que os vestibulares não colocam livros como “Crepúsculo” em suas listas?
Literatura tem joio e trigo
“É preciso separar o best-seller que você joga num canto depois que leu e aquele que continua para o resto da vida”, diz a diretora da Fuvest, Maria Thereza Rocco.
Mas ela revela que o prazer da leitura é levado em conta para montar a lista.
“A gente procura casar o gosto pessoal do aluno com as exigências de uma época na literatura brasileira e portuguesa. Por exemplo, “Memórias de um Sargento de Milícias” é um livro muito querido. Não vamos dar um livro impossível de ser lido”, diz Rocco, sobre a lista do concurso que organiza.
De fato, há livros que frequentam as listas de vestibulares e fazem sucesso entre os adolescentes.
“A Cidade e as Serras”, de Eça de Queirós, chamou a atenção de Anna Carolina Paz, 17. “Me diverti lendo. Se já acho irônico no século 21, imagine o pessoal que lia esse livro [na época]”, diz a aluna da Etesp (Escola Técnica Estadual de São Paulo) sobre a obra de 1901.
Sua colega da Etesp Jordana Löw, 17, foi fisgada por outro clássico: “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. “Fica sempre aquele ar de mistério. A gente fica elaborando teses. O que teria acontecido se o Bentinho tivesse ido atrás da Capitu?”, questiona a estudante.