“Virei gente no cursinho” – ouvir essa frase de um ex-cliente, que acompanhamos até a aprovação, talvez seja a maior satisfação de um profissional da área da Saúde que trabalha com vestibulandos nessa fase permeada de angústias e incertezas. O mais bonito é ouvir que o autoconhecimento foi tão importante quanto à aprovação – e isso não tem preço, como dizia a propaganda do conhecido cartão de crédito.
Sábado foi um dia repleto de alegrias – pela manhã, ministramos o curso Gerenciamento da Força de Vontade. Compartilhar com as pessoas sobre a nova ciência da força de vontade, as causas da procrastinação e as estratégias para minimizá-la, e no final ouvir dos alunos: “como eu gostaria de ter sabido disso antes!”, que é mesmo sentimento que temos, dá aquela sensação boa de ter alcançado o objetivo.
De fato, conhecer mais sobre o funcionamento do cérebro quando estamos diante de um desafio ou criar um novo hábito facilita esse enfrentamento: essa foi a minha experiência na criação do curso, na escrita do livro e nos desafios que têm se seguido. Aprender, colocar em prática, servir de exemplo e passar adiante o que aprendi tem sido uma oportunidade valiosa, por isso me sinto tão grata às pessoas que estiveram presentes naquela manhã chuvosa. O conjunto de todos esses fatores reforça essa sensação boa de missão cumprida.
À tarde, tivemos o encontro com ex-clientes aprovados na Medicina, vestibulandos e seus pais. O que dizer desse encontro? É tão bonito, enriquecedor, singular, que é difícil descrever o seu significado. Ele é organizado simplesmente como uma estratégia para aumentar as crenças de autoeficácia dos alunos que ainda estão no cursinho, mas é muito mais do que isso: é uma troca de ideias, energias e experiências inigualáveis.
E o que foi dito que é muito importante reforçar?
Retomando a chamada inicial referente ao depoimento de um aluno, -“Virei gente no cursinho”-, os participantes reforçaram outras aprendizagens importantes durante seu período de cursinho, relacionadas à essa ideia:
– Aprendi que não é inteligente terceirizar a aprovação: a mudança de paradigma em relação ao(s) ano(s) anteriores foi essa. Não adianta confiar sua aprovação a recursos externos: pais, professores, psicólogos, horário de estudos. Você é 100% responsável pelas suas decisões e pela sua aprovação.
– Aprendi a respeitar os meus limites. No cursinho, aprendi a estudar. Mas também aprendi que não é da minha natureza estudar 70 horas semanais. Eu estudei isso nos anos anteriores e não funcionou; chegou o dia da prova e eu estava doente, estressada, nervosa. Hoje vejo colegas fazendo isso na faculdade e percebo que não houve esse processo de autoconhecimento, de ter respeito aos limites pessoais. Se sentir cansaço, descansar é a melhor opção no momento.
– Aprendi a estudar com motivação e ter estratégia para superar as disciplinas mais desafiadoras: foi importante estudar estabelecendo metas semanais em detrimento a um horário rígido de estudos. Com isso, foi possível tirar proveito dos momentos de maior motivação e aumentar o rendimento nos estudos para estudar as disciplinas menos motivadoras.
– Aprendi com meus erros: tive de rever posturas que não foram produtivas no ano anterior. Também priorizei aprender com os erros nos simulados. Não adianta fazer uma bateria de testes, se não tem aprendizado.
– Aprendi que ter lazer, pequenas e constantes recompensas durante o ano faz muita diferença: sem essas pequenas recompensas, é mais difícil manter o fôlego.
– Aprendi que a vida não para durante o ano de vestibular: namoros acabam, começam. Familiares adoecem, problemas diversos acontecem. Não é possível controlar os eventos externos, mas sim a nossa reação em relação ao que acontece conosco.
– Não existem regras, fórmulas, certo ou errado na preparação para o vestibular: cada um descobre o seu jeito de alcançar a aprovação. É normal fazer mudanças no seu jeito de estudar, no horário de estudos, nas estratégias utilizadas. Mais uma vez, o autoconhecimento é o caminho para ter maior autoconfiança.
A mãe de uma das alunas aprovadas reforçou que ver a filha desenvolver a autonomia decisória causou-lhe insegurança. Porém, à medida que a filha foi demonstrando mais confiança nas suas estratégias, ela pôde ficar mais tranquila. Por isso, a mãe reforçou aos pais a ideia de que cada vestibulando vai encontrar o seu caminho para a aprovação, que os pais não precisam se preocupar em vigiar as horas de estudo ou proteger os filhos de um possível fracasso: esse é o momento de crescimento deles, os pais podem ajudar tentando atrapalhar menos.
Falamos da expectativa que as famílias têm de que exista uma fórmula, uma estratégia milagrosa que garanta a aprovação, mas que isso atrasa o processo de amadurecimento do jovem que deveria estar aproveitando esse momento no cursinho para se preparar para a vida acadêmica – seu jeito de estudar, suas potencialidades e limites. Foi satisfatório ouvir que os alunos ali presentes estavam felizes com as descobertas que tiveram durante o ano de cursinho, e ainda fizeram questão de dizer:
– A família é importante: o convívio, a divisão de tarefas, a troca de ideias.
– Ter amigos também faz parte desse momento: dentro e fora do cursinho, é importante preservar as amizades.
– Se o amor acontecer, não há razões para evitá-lo!
E finalmente, talvez a conclusão mais importante:
– É possível ser feliz em ano de preparação para o vestibular!
A ideia antiga de que vestibulando de Medicina precisa sofrer, dormir 6 horas por noite, ter poucos amigos e não namorar, não tem sido comprovada no trabalho da Máxima Performance.
Felizmente, ajudar os vestibulandos a ter crítica e autonomia na construção da sua aprovação leva à maior qualidade dos estudos e mais alegrias no caminho. A aprovação é consequência dessa caminhada de autoconhecimento, e não o objetivo principal. Vale lembrar que isso é válido para qualquer meta ou desafio enfrentado: o importante é a busca, as descobertas, os tropeços.
Depois de ouvir relatos tão sinceros e felizes, não tem como não ter essa sensação tão boa de missão cumprida! Só nos resta agradecer pela oportunidade de realizar esse trabalho e a todos os presentes nos eventos deste sábado.
Esse artigo foi escrito com @Hector Nievas.
Fotos de alguns participantes, infelizmente, não temos de todos.
Hector Nievas e Rafael Fogaça (MED/PUCRS) : “estabelecer mini-recompensas é fundamental para manter a motivação e o fôlego. O treino cerebral me ajudou a manter o foco”.
Danielle Soares (MED/UFRGS), comigo: “o tempo de cursinho foi necessário para me conhecer e respeitar os meus limites. Ingressei na faculdade uma pessoa mais tranquila”.
Débora Leite Rocha (MED/UFRGS) e eu: “É possível ser feliz e passar no vestibular”.